domingo, 22 de novembro de 2009

Olá pessoal,

Há muito tempo que estava pensando sobre o assunto que colocaria nesse Blog. Confesso que iria colocar algo direcionando o ensino dos gêneros na escola. Porém escrevo agora um tema mais abrangente: A formação do professor de Português; como vocês já notaram esse é o título do livro de Paulo Coimbra Guedes. Exatamente, nesse livro o autor vai mostrar a problematização que envolve a profissão do professor.
Paulo Coimbra, nesse livro, coloca várias questões explicitando que por trás do ensino de língua está problemas como: preconceito, problemas sociais e algo mais discarado: preponderância de uma classe que diz dona do discurso. O que é pior, esses preconceitos estão dentro de escola sob forma de frases do tipo: Fale corretamente! Vamos aprender a gramática!
Essa questão já foi discutida aqui no blog; é essencial sim, que a norma culta seja ensinada, porém nós como futuros professores temos que ter em mente que por trás de um ensino tradicionalista gramatical, existe uma forte ideologia social que não dá aos menos favorecidos de nossa sociedade condições adequadas de aprendizagem.
Daí surge a escola mais como repressora, por as pessoas ditas menos favorecidas não “saberem falar sua língua”; e o professor de forma alienada só faz essa situação se agravar.
Outro parênteses em relação a essa questão é que o professor de Português não vai ensinar língua materna alguma ao aluno, este já sabe muito bem usar sua língua . Professor tem que ampliar o conhecimento que o aluno já traz, para que ele possa usar a linguagem nas várias modalidades que a língua oferece.
Não é repassando um conhecimento pronto que o professor vai construir uma sociedade. Pode ser até mais fácil essa estratégia, porém não vai ter contribuição nenhuma deste. O educador tem que mostrar nas aulas de Português, as várias facetas que a língua permite para o adentramento consciente na sociedade.
Valdenice Pereira

10 comentários:

Paula disse...

Vaalzinhaaa,

adorei o texto! Estou de pleno acordo com o seu comentário que tem relação com o texto de Paulo Coimbra Guedes.
Achei que seu texto nos leva a uma boa reflexão sobre os preconceitos que estão nas escolas e até mesmo fora delas. Nos leva a refletir também sobre uma sociedade que diz ser justa, mas apenas diz ser.

Seu texto é maraaa!

=*

Beijinhos,

Paula

leonor disse...

Bem, se tem uma coisa que aprendi com o blog é que tenho de ficar lendo um monte de coisas que nunca li, porque senão fico atrasada e os alunos me passam! :)
Já li o "Lutar com palavras"; os "Contos de enganar a morte" estão na lista, conversei com Pedro sobre o "Resenha" e agora mais esse! Uff. Pra não falar na releitura do Antonio Candido.

Tanto Mábia como Mônica Trindade já me tinham falado desse livro que Valdenice comentou. A idéia geral não me parece nova, mas se ele tem bons argumentos, acho que vale uma olhada. Obrigada, Val.

leonor disse...

Agora comentando o comentário de Paula: a sociedade diz ser justa?

E provocando Val: e se a falta de ensino de gramática for uma especie de preconceito? Esclareço, seria algo assim: ah, pobre não precisa saber gramática, não precisa entender textos com verbos na segunda pessoa do plural, nem fazer concordância redundante no sintagma nominal; e aluno de escola pública ou de escolinha de bairro não precisa ler o cânone literário (pra não falar no resto).

leonor disse...

(Eita, "espécie" ainda tem acento? Socorro, Nathália!)

leonor disse...

(Val, cadê os marcadores?)

Késia Mota disse...

Leonor, "espécie" não perdeu o acento. Os acentos que caíram foram de ditongos abertos em palavras paroxítonas, como "heroico" ou "ideia".

Késia Mota disse...

Quanto ao tema da postagem, eu sigo a opinião da Bortoni-Ricardo, com ressalvas.

Inclusive, a professora Maria Ester, na última aula de "Pesquisa Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa" comentou algo que eu assino embaixo. Ela disse que não gosta muito da expressão "ensino de língua materna", pois a língua materna não é a que se ensina na escola. Língua materna é a de casa, a língua que é aprendida antes de ir para a escola. Na escola, ensina-se língua portuguesa.

Assim, fazendo uma ponte com o que diz Bortoni-Ricardo em seu livro "Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula" (2004) e a observação feita pela professora Maria Ester, creio que a escola deve entender a língua materna de cada aluno e dar explicações a ele sobre o motivo de cada uso que ele faz.

O ensino da gramática normativa é um dever do professor, mas esse ensino não precisa ser discriminatório.

Sinceramente, não consigo atinar bem sobre essa ideia de ensino da gramática tradicional repressor. Eu cursei o ensino fundamental e médio nos anos 70/80. Não sei se muita coisa mudou de lá pra cá ou se as pessoas exageram um pouco. Aprendi na escola a usar a norma culta da língua e isso foi sempre muito prazeroso, sem humilhações ou traumas. Não ouvia falar em sociolinguística, é claro, mas (na escola) sempre ouvi falar sobre variação, como: a gente fala muito "cê viu ela", é comum, não tem problema, pode falar assim mesmo, mas devemos ter em mente que em ocasiões que exigem formalidade o correto é falar "você a viu". Pessoas que falam tudo do jeitinho que manda a gramática tornam-se até chatas.

Não sei dizer se os tempos mudaram, se eu fui privilegiada e tive os melhores professores (maioria escola pública)... Mas, cá entre nós, penso que exageram muito sobre isso.

Obrigada, Val, por trazer a nós mais uma referência sobre o tema.

Parabéns pela resenha.

Um abração.

Bruna disse...

Também lemos esse livro na minha turma e dizemos que nossa vida está dividida em antes e depois de ler o livro de Paulo Coimbra Guedes. É zoando, claro, mas é que esse livro contém boa parte das discussões que costumamos levantar durante o curso. Acho que resumindo é a luta na crise da identidade do professor e a crise da própria língua. Como Val disse, a questão do "ensino" da língua materna e de aproveitar a riqueza que os alunos trazem.

Tem um filme que mostra, entre outras coisas mt interessantes, a questão do professor aproveitar cada coisa que surge dentro da aula. Tarefa difícil, mas possível.

Parabéns pelo texto, Val! :*

Bruna disse...

Sim, o filme! Chama Entre Les Murs (entre os muros da escola). Filme francês que ganhou vários prêmios por aí afora e concorreu ao Oscar cm melhor filme estrangeiro.
É uma história verídica que se passa numa escola da periferia de Paris. Os alunos interpretam eles mesmos, embora algumas cenas sejam construídas.
Excelente!

leonor disse...

Bem, agora puxando a brasa para a sardinha dos professores: Bruna, divulgue o nome da profa que passou o filme! :) Por que deixá-la anônima nesse caso?

Nós, os crustáceos, também gostamos de receber os créditos!

(Não fui eu quem passou o filme!!!)