quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Resenha: escola e sociedade

MANCORDA, Mario Alighiero. Escola e Sociedade: O conteúdo do ensino. In: Marx e a pedagogia moderna. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1996.


O autor no presente texto retoma as principais idéias pedagógicas de Marx, a partir de duas intervenções do filósofo alemão no conselho geral da associação Internacional dos trabalhadores. Os pontos principais do discurso de Marx são retomados dos textos das atas do conselho.


As principais idéias de Marx são esboçadas em três pontos: ensino tecnológico e trabalho infantil, relação da escola com a sociedade, o estado e a igreja e o conteúdo do ensino.


No primeiro ponto, o autor indica que para Marx o ensino para as crianças deveria estar associado ao trabalho. Marx, porém, era contrário â associação do ensino com o trabalho na fábrica, na forma como ela operava na época. Para ele, a associação deveria se dá com um trabalho recoberto de aquisições técnicas e culturais, com perspectivas de progresso. Além disso, essa associação entre ensino e trabalho produtivo visto por ele como um dos meios mais poderosos de transformação social, deveria estar subordinado a uma rigorosa regulamentação da duração do trabalho de acordo com as diferentes faixas etárias.


Outra questão importante discutida no primeiro ponto diz respeito ao ensino tecnológico. Para ele, o homem deve adquirir as bases científicas e tecnológicas da produção de forma a trabalhar com as mãos e o cérebro. Isso significa não apenas aprender a técnica, mas também estar consciente do processo que desenvolve, do trabalho realizado, algo que a fábrica moderna havia usurpado do homem por causa da divisão de trabalho.


No segundo ponto, o autor descreve as idéias de Marx a respeito das relações da escola com a sociedade, o estado e a igreja. Referente a relação da escola com sociedade, Marx enuncia uma dificuldade especial: se por um lado, é necessário uma dada condição social para um sistema de ensino correspondente; por outro lado é necessário um sistema de ensino para que haja mudança nas condições. Nos discursos retomados pelo autor do presente texto, Marx não vai mais além do que expor essa dificuldade.


Referente à relação da escola com o estado, Marx deixa claro que o ensino pode ser controlado pelo estado, mas não pelo governo. Ao estado caberia promulgar as disposições gerais, contribuir com os impostos e controlar a obediência às leis. A nomeação dos professores e a escolha dos manuais ficariam a cargo das representações locais. Portanto, ele era contrário tanto a uma escola antiestatal quanto a uma totalmente controlada pelo estado.


Com relação à igreja, Marx se mostrou contrário a qualquer influência desta sobre a escola. E não apenas da igreja, mas também de governo. Marx queria uma escola acessível a todos e livre da ingerência ou influência de preconceitos de classe e da força do governo.


No último ponto, o autor discute as idéias de Marx, concernente ao conteúdo do ensino escolar. Para ele, matérias que permitem interpretações ou conclusões diferentes não devem ser ensinadas nas escolas. Ele é favorável ao ensino de ciências naturais e gramaticais, pois estas não variam de acordo com o pensador. Marx objetivava excluir do ensino toda propaganda, priorizando um ensino rigoroso de noções e técnicas.

 
                                                                                                                                                   MANUELLY DE CARVALHO SILVA

Um comentário:

leonor disse...

Ora veja, o blog está bombando!

Valeu, Manuelly. Ainda não li, vou fazer isso agora.