Eu sei que o que eu vou escrever algumas pessoas não vão gostar, mas mesmo assim decidi me arriscar... É que eu sempre ouço muita gente falando exatamente o contrário do que eu penso sobre este assunto e nunca tive coragem de falar nada, mas agora é minha chance:
Quando entrei na graduação uns dos primeiros autores a quem fui “apresentada” foi Marcos Bagno. Na época eu achei um máximo. Os textos dele pareciam inovadores, fascinantes e, sobretudo, esperançosos. Mas de uns tempos para cá, e principalmente agora, no 6º período, já perto de terminar o curso, vejo com outros olhos.
Na minha opinião, ele cria um discurso com o intuito de deslumbrar as pessoas, para que todos pensem: nossa que idéias legais desse cara! Mas não é isso tudo não. Nos textos que eu já li tem coisas que se aproveitam, mas no todo, eu vou falar com muita sinceridade (mesmo correndo risco de morte): eu não gosto. Não vejo graça entende? Não me fascina nem um pouquinho.
Me parece aqueles planos de Pink e Cérebro que são tão incríveis para eles dois, mas que no final não dão em nada. Eu acho que ele tenta de alguma forma, ou melhor, de todas as formas, transmitir um sentimento de justiça, salvação e revolução, só pra atrair as pessoas, mas acaba sendo exageradamente messiânico.
Também tem outra coisa que não é tão relevante, mas eu queria deixar registrada: é muito chato quando ele tenta ser engraçado e descontraído, simplesmente porque ele não consegue, não tem graça e fica brega:
“É claro que se você e seu alunos preferirem Madona, Ronaldinho ou Mickey Mouse, tudo bem, vamos tentar agir sem nenhum tipo de preconceito. (Eu mesmo gosto muito de Madona, e estou escrevendo neste momento ao som da trilha do filme Evita)”. (BAGNO, Marcos, 2008, p.25)
Só pra contextualizar, ele estava orientando os professores sobre a escolha de um tema para a realização de uma pesquisa com os alunos... ¬¬
Enfim, era isso :D...
PS1: Eu não quis colocar muitas justificativas e trazer vários exemplos para comprovar o que eu disse, porque eu não fiz um texto com a intenção de derrubar ninguém, é uma (simples)³ expressão de opinião.
PS2: Sem querer ser repetitiva, mas sendo, eu não quero convencer ninguém a ter a mesma opinião que eu, só expus o que eu penso.
PS3: Eu não quero desmerecer o trabalho dele, tem coisas que se aproveitam sim.
PS4: Não sei se é necessário, mas para manter os costumes:
BAGNO, Marcos. A pesquisa na escola: como é e como é que se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
PS5: Vou terminar antes que me joguem na fogueira :D
Mábia Toscano
18 comentários:
Caramba, Mábia! Nem sei o que diga. Aplaudo de pé? Ou faço um minuto de silêncio respeitoso? Fico só olhando abasbacada?
Guria, estou aqui de pé sentada em silêncio e aplaudindo!
Agora para o restante do pessoal: mexam-se!
Mábia, você não está sozinha nisso, não!
Quando trabalhamos "O Preconceito Linguístico", em Fundamentos de Linguística, com o Eduardo Kenedy, eu comentei que achei Marcos Bagno leviano nas suas argumentações e que não gostei. Como eu aprendi (e acredito) que o argumento é tudo (ou quase tudo), não gostei do livro pois tem argumento fraco, com uma linguagem simplória. Enfim...
O Eduardo Kenedy sugeriu um livro que ele chamou de mais tradicional, de Maria Marta Scherre: "Doce lindos filhotes de poodle", da Parábola Editorial. Este livro trata do mesmo assunto tratado nO Preconceito Linguístico (que eu detestei). Confesso que não li o livro da Scherre. Passo a informação a quem interessar.
Valeu, Mábia, foi muito bom saber que eu não estou sozinha na minha aversão ao Marcos Bagno. rsrsrs
Mábia abalou o bangu!
No primeiro período lemos 'Língua Materna'. Talvez por ter sido o meu primeiro contato com textos dessa natureza, eu gostei. Aquelas idéias eram o máximo.
Depois li o da pesquisa na sala de aula já mais madura e realmente...Tanto que, como comento muito ao lado dos parágrafos, fiz um monte de observações ridículas dialogando com o texto dele.
Essa da Madonna não dá, gente.
Tenho 'Preconceito Linguístico' (ganhei num sorteio que a profa. fez).
Eu acho que ele tem a melhor das intenções e que os estudos dele e os textos os quais se propôs - não é fácil - a discutir esses temas importantes, merecem reconhecimento e respeito.
Agora dizer que são bons é outra história...
Mááábiiaaa, adorei o seu texto!
Olha, eu li o livro "Preconceito linguístico" e gostei muito, mas em algumas coisas concordo com vc. Não se preocupe não vou lhe atirar na fogueira. rsrsrs
Ah, ameeeei o seu texto, pois achei que ele ficou bem com cara de blog. Vou tentar fazer o meu texto nesse estilo. Um tipo...diálogo/conversa e que faça as pessoas parar para pensar mais um pouco.
Seu texto está o máximo!!!
Amei, PARABÉNS!
Beijinhoooos,
Paula
(E, pelos vistos, Bruna apredeu de novo a comentar com o nome dela...)
Ih, Mábia, cadê o marcador do seu texto?
(Desculpem ficar falando isso no meio da discussão, mas é o dever do ofício. :) )
eita, não sei que marcador colocar.. quem me sugere algo? muito obrigada a todos, pensei que a repercussão fosse ser péssima, e até agora vcs gostarm!!! que bomm
Creio que poderia utilizar o marcador "leituras", também o "resenhas" (não tenho certeza), pois trata-se de um comentário sobre a obra de um autor.
Talvez criar outro marcador, algo como "linguistas" ou "opinião sobre linguistas da moda" (grande demais?) ou "linguistas da moda", sei lá.
Quanto ao título, poderia mudar ou tirar o que está entre parêntesis. Quem sabe alguma coisa como "Minha opinião sobre Marcos Bagno". Coragem! Ele mesmo é polêmico, gosta de provocar. Por que não?
É isso, Mábia. Só sugestões.
Abração.
Olá pessoal da monitoria! Primeiro gostaria de agradecer a Késia por me apresentar ao Blog, achei muito legal. Resolvi dar um pitaco nessa discussão sobre o Bagno, não para colocar a Mábia na fogueira, mas sim para colocar um dedinho de lenha na fogueira. rs
Pelo que entendi da opinião de Mábia ela focaliza mais, ao meu ver, o jeito como o Marcos Bagno coloca suas considerações do que propriamente pontos específicos dos argumentos dele. Desse ponto de vista, tendo a concordar com Mábia, pois ele me parece meio radical em alguns momentos e, principalmente, superficial em algumas argumentações, inclusive sofre críticas de vários linguistas por conta disso. Por outro lado, sempre entendi os livros do Bagno, como Preconceito Lingüístico, como livros de divulgação, mais do que livros técnicos e com rigor científico, por esse lado acho que cumprem o seu papel de fazer as pessoas pensarem sobre um tema que geralmente é pouco abordado pelos linguistas fora da academia (acho que os linguistas são meio preguiçosos às vezes em relação a discutir seus achados com a sociedade). A radicalidade também das palavras de Bagno me parecem se justificar por conta de justamente ele estar contra o que o senso comum e toda a mídia trata como sendo a verdade.
Quanto ao conteúdo das idéias de Bagno, me parece que desde do advento da sociolinguistica realmente são pontos relevantes e consistentes, como por exemplo:
a) Existe preconceito em relação a pessoas que não produzem a variante padrão e isso é algo a ser repensado,
b) Esse preconceito não se justifica linguisticamente,
c) O foco do ensino na gramática normativa é uma defasagem em relação a outras ciências, e mais restringe do que amplia os horizontes.
etc.
Por isso, fiquei curioso em saber que pontos você vê como problemáticos nas palavras de Bagno, independente do jeito "messiânico" que ele utiliza em vários momentos. Sei que esse não era seu objetivo, mas fiquei curioso.
Ah! Quanto a falta de graça na maioria de piadinhas e ironias que ele usa, concordo sem restrições! rss
Abraços a todos e me perdoem se escrevi demais e inadequadamente para um comentário de Blog.
Márcio Leitão
Eu nunca gostei muuuuuito de sociolinguistica, não. Acho que, muitas vezes (ou devo dizer na maioria delas?), os linguistas dessa área focam demais o social (calma! há excessões!) e esquecem da história da língua. (Puxando a sardinha pro meu lado, é claro!) Lá vem Nathália com essa história da Língua junto da "cultura do povo". Pois é, encho o saco mesmo! Sou totalmente a favor dos regionalismos, eu falo "mermo", "oxe", "mar minino" (Chamando atenção para o "minino", viu? Não é "menino" não!) e todas essas outras expressões, mas não deixo de lado as ifluências anteriores. Não devemos apenas aceitar todas as mudanças, criar uma regra a cada 20 anos... Se continuar assim, o Português vai ser uma Língua totalmente diferente no futuro. E eu não vejo isso como evolução, pra mim estamos perdendo o nosso patrimônio histórico.
Talvez eu seja meio radical. Não sei... Culpa das minhas influências acadêmicas? (Quem conhece sabe como eles são!) Hahaha! Culpa deles!
Marcos Bagno se esforça, mas... Não concordo muito com ele. E como Mábia disse: isso não quer dizer que eu esteja desmerecendo o trabalho dele, é apenas divergência de opiniões. Não sei se é fruto da minha pouca experiência, afinal eu estou no 4º período ainda. Só o tempo dirá.
Parabéns pelo texto, Mábia! Eu gosto desses textos que dialogam com o leitor. É bem "Senta aqui, vamos conversar!". E no final o resultado é esse mesmo: não fica cansativo, quando a gente vê já acabou! Nem tentamos olhar se faltava muito ainda. =P
Se escrevi muito foi culpa de Márcio Leitão, que me fazia escrever verdadeiras redações nas provas dele e eu acabei acostumando! Rsrsrs
Brincadeira!
Parece que também não estou sozinha no hábito de escrever respostas longas, no blog. Quando a gente "pensa que não", já escreveu muito.
Márcio, achei o seu comentário bem objetivo e claro. Concordo com tudo o que você disse. Eu também gostei das ideias pregadas pelo Marcos Bagno no Preconceito Linguístico.
Como comentei com o Eduardo Kenedy, só achei que ele foi leviano no argumento e na intriguinha com o Pasquale Cipro Neto. Isso é desnecessário, mesmo sendo apenas um livro para divulgação.
Digo leviano porque ele usa uma linguagem inadequada, a meu ver. Ele parece querer provocar reações nervosas ao que escreveu, parece fazer isso de propósito. Tem gente que gosta de "criar caso" no meio acadêmico para se tornar famoso por ser polêmico. Não gosto disso, não.
É essa a minha bronca com o Bagno. Creio que seja a mesma da Mábia e outras pessoas que não gostam do autor "maluquete". rsrsrs
Enfim, talvez o Marcos Bagno tenha gerado novo preconceito, ao combater o preconceito, e parece que isso foi de propósito. Será?
Eu já morei em várias regiões do país. Aliás, já morei em lugares diferentes das 5 regiões do Brasil. Talvez seja por isso que eu adooooooro a sociolinguística! :)
Que coisa! O pobre o Bagno deve estar todo se coçando... mas é verdade que não podemos acreditar em todas as propostas que ele nos apresenta, porém, acho muito relevante tudo o que ele expõe em seus livros, principalmente pelo fato dele ser extremamente esperançoso e, em alguns momentos, revolucionário com o ensino da língua. Isso faz com que nós, futuros professores, a partir do pensamento do autor, também construa suas ideias de como ensinar a língua portuguesa. Digamos que ele seria a "mola propulsora" colocando seus vários pensamentos, mesmo que alguns sejam bastante complexos.
Mábia! Adorei sua postagem...
E a forma como você abordou sobre Marcos Bagno. Acredito que em muitas colocações dele contribui para o ensino de língua e para nós futuros professores. Apesar de também achar tais coisas que ele fala sem sentido. Acredito que, como ele trás novos conceitos abala todos que já estão com conhecimento formado como sendo o correto.
Enfim!
Abraços...
E parabéns1
meu deus! daqui a pouco podemos pensar na publicação desses comentários :D
Pois é, Mábia, você mexeu num vespeiro. :)
Ah, antes que esqueça: eu gosto do Bagno. Mas não tenho lido. Já não tenho mais muita paciência. Meu gostar se refere a leituras antigas, a palestras dele já há uns 8 ou 10 anos. Talvez ele tenha ficado repetitivo em excesso.
Mas, descontando o repetimento, gosto até mesmo de ele ter saído no encalço dos gramatiqueiros de plantão! Márcio lembrou bem: os linguistas muitas vezes não se importam em divulgar as idéias para o grande público. Ficam restritos à universidade e publicações especializadas. Hoje em dia isso já está diferente, mas nos anos 90 não era como hoje. E mesmo hoje...
E os gramatiquistas não perdem tempo nem mercado. Basta dar uma olhada rápida nas apostilas de concursos! Argh!
Era preciso mesmo alguém disposto a segurar uma bandeira e sair por aí puxando o bloco, e o Bagno fez isso muito bem, por anos, já.
Claro que um preço a pagar foi a repetição, uma simplificação excessiva, a repetição, a simplificação, a repetição. Vocêm sabem.
Para competir na TV e nos jornais com gente que vive de policiar a regência dos verbos alheios, foi preciso também transformar certas opiniões em palavras de ordem. Eu não faria. Gosto demais das minhas orações subordinadas, e não as cortaria dos meus textos. Era preciso ter despojamento pra fazer isso. Bagno fez.
Não estou querendo pintá-lo como um mártir para uma causa nobre, isso ele não é. E deve ter lucrado muito, em vários sentidos. Mas nós lucramos também, era preciso alguém fazer o que ele fez. Não só ele, claro. Mas ele ficou assim icônico. Então viva o Bagno.
Mas também viva Mábia, que tocou, me parece, noutro ponto, também palpitante e polêmico para nós, linguisteiros (letristas? letrenhos? linguistados?). Só que meu comentário já está muito grande, e antes que me expulsem, deixo o resto pra depois.
Doa-se lindos filhotes de poodle: variação lingüística, mídia e preconceito
Maria Marta Pereira Scherre
São Paulo: Parábola Editorial.
Devidamente corrigido, Leonor.
;)
É esse mesmo, Késia. :)
Postar um comentário