domingo, 22 de maio de 2011

Quero ser professora

Por Fernanda Paiva

Meu pai sempre me dizia para eu não ser professora, mas eu não entendia o porquê, pois sempre achei a arte de ensinar muito bonita. Eu até dava aula para os meus amigos, estes sempre diziam: “você ainda vai ser professora”.  Mas eu negava todas às vezes, afinal não sabemos sobre o dia de amanhã, por isso nunca diga nunca. Ouse, GRITE.  Agora eu cresci, tenho 17 anos, já sei qual profissão seguir, a de professora. De quê disciplina? Deixe-me pensar...Língua Portuguesa.  Isso mesmo! Disse a minha mãe, a meu pai e a meu irmão, que vou ser professora da minha língua materna. Agora falei bonito, igualzinha a uma professora de verdade.

Na universidade, me ensinaram sobre a chamada criticidade. Mas o que é ser crítico? Eles me diziam uma coisa, mas eu percebia em seu discurso, outra coisa. Teoria ou prática? Penso que haja uma incompreensão na construção feita em torno do conhecimento crítico – falei bonito - não apenas no ensino superior, mas em outros níveis de ensino.

Muitos dos meus professores adoravam achincalhar os alunos, não sei por quê. Ah, eu quero ser uma crítica. Posso? Nas escolas, pais e alunos também achincalham professores. Ademais, as obras e autores também eram achincalhados pelos docentes. Que discurso estereotipado! Cadê a elegância da ética-moral da educação? Nesse momento, falar bonito não é o bastante.

Agora eu entendo o porquê de meu pai não me querer como professora. Ele temia que eu fosse doutrinada sob a lógica do silêncio, da passividade.

5 comentários:

Danni disse...

Fernanda, você fez esse texto inspirada em algum fato? #deixaquieto

É, minha colega, ser crítico não é fácil e, muitas vezes, incomoda.
O conceito de 'criticidade' (nem sei se o termo existe) anda sendo deturpado, ou melhor (ou pior?), usado como enfeite para se falar bonito.

leonor disse...

Agora eu diria que você foi "críptica", Danni! :)

Pois é, Fernanda. Digamos que você atiçou a fogueira mas não veio assar o milho...

Uma coisa interessante neste blog é a convivência (meio destrambelhada, talvez) de experiências tão diferentes. Alguns de nós estão começando a graduação, outros já têm uma certa quilometragem de pesquisa ou de ensino.

Por enquanto, levando em conta o que você escreveu, não dá pra comentar muito. Mas fiquei pensando, lembrando, como era ser aluna de Letras lá do início do curso, e como as experiências e os sonhos tinham uma urgência diferente de tudo o que eu já tinha vivido antes.

Cada um elabora suas resistências, suas birras. Vá falando quando der na telha, a gente vai lendo.
Né, Danni?

Késia Mota disse...

Cê tem 17 anos, Fernanda?

Ai que legal!

Fernanda Paiva disse...

Dani, não fiz esse texto "inspirada" em algum fato específico, mas de uma forma geral. Késia, eu não tenho 17 anos, já estou caminhando para os 21. Essa menina que retrato não é especificamente eu, mas a voz de muitos que fazem o curso sem saber ao menos o que é cursar letras-português. O que é natural, pois apenas se sabe a dimensão quando se vive.
Digamos que a minha intenção foi levantar uma reflexão sobre nosso papel de alunos portares de voz ativa. Quero salientar que não estou menosprezando o curso, pelo contrário, eu o vejo como forma de me edificar.

Késia Mota disse...

Ah, agorintendi! Não tinha notado que você escolheu o marcador "literatura produzida por monitores", estava lendo como um depoimento pessoal seu.

Foi mal! hihi

Valeu!