Por Lívia Alvarenga
É recorrente em nosso meio acadêmico ouvir que é ‘’um saco’’ pagar as disciplinas de Estágio. Confesso que a princípio também pensava assim. Porém, a grande sacada para podermos passar por essas cadeiras de estágio é notar a relevância que essas disciplinas têm para a nossa formação como docentes. Não pense que estou aqui falando essas coisas só por que sou monitora de estágio, claro que não. Mas pensando bem... tenho que vender meu peixe.
Minha gente me ouça, as disciplinas de Estágio não são somente boas, mas necessárias, pois é a chance que temos de testar nossos conhecimentos, colocando em prática a teoria que é vista na universidade como forma de refletir, discutir e pesquisar determinados aspectos do ensino de Língua Portuguesa no âmbito escolar.
Pensando de uma forma mais ampla, é por meio do Estágio Supervisionado, que nós, futuros professores, temos a oportunidade de ajudar os alunos do Ensino Fundamental II— falo isso por que me direciono especificamente ao Estágio IV— a ver o ensino de língua sendo trabalhado por outro viés. Isso, se o professor titular da instituição trabalhar o ensino aprendizagem de forma mecanicista, como é de praxe. Caso o professor utilize a abordagem sócio interacionista, temos a oportunidade de perceber que essa prática de ensino é realmente a melhor maneira de levar o ensino de língua sem causar vácuo na aprendizagem. O que nós não queremos, não é verdade?
Já ouvi dizer, pelos corredores da nossa querida Universidade, que as disciplinas de Estágio são o calcanhar de Aquiles em relação ao curso de Letras, no entanto, é através delas que temos o “prazer” de verificar a verdadeira realidade escolar e aí detectamos se queremos ou não sermos professores, profissão em que grande maioria dos profissionais, ao ver-nos realizando observações e intervenções em sala de aula, costuma aconselhar-nos, utilizando expressões como: “Procure outra profissão”, “Você é tão nova”, “Tem certeza que é isso que você quer?”, “O que você esta fazendo aqui?” E assim por diante.
Para finalizar, quero frisar que a construção para uma carreira sólida se inicia na licenciatura e uma das principais etapas é o Estágio Supervisionado, apesar do nosso curso ser visto, pela grande maioria, apenas como uma área de pesquisa.
22 comentários:
Soube que há uma comissão trabalhando para reprojetar as cadeiras de Estágio Supervisionado.
Pergunto: há alunos participando dessa comissão?
Há alunos em alguma comissão, no DLCV?
Não estou fazendo nenhum juízo de valor. Apenas pensando.
Penso que as cadeiras IV, V, VI e VII, de Estágio Supervisionado, deveriam ter apenas 2 créditos, cada, sendo destinadas apenas para a prática (observação e intervenção em sala de aula da Educação Básica). Isso liberaria outros créditos para aprendermos mais de Linguística e de Literatura. Deveríamos ter mais optativas.
Por falar em optativas, será que optamos, mesmo?
E por aí vai...
Tá Késia, você tocou em um ponto fundamental! Concordo plenamente.
Oi, Késia, às vezes parece muito estranho o termo "optativa", mas uma optativa não é para cada aluno escolher. Poderia ser, mas não tem de ser assim.
Uma disciplina optativa é uma que é escolhida pelo departamento dentro de uma lista de disciplinas possíveis. Por exemplo, em Língua e Linguística, no semestre das optativas temos uma lista de, salvo engano, 7 disciplinas, e temos obrigação de oferecer pelo menos uma delas. Nós optamos qual oferecer.
Ao contrário das outras, que somos obrigados a ofertar, as optativas não precisam ser ofertadas todas ao mesmo tempo. Basta garantir que haja pelo menos as suficientes para os alunos completarem os créditos.
A disciplina é "optativa" porque é escolhida de uma lista de disciplinas possíveis.
Às vezes alguns colegas professores também se atrapalham com isso, de uma maneira um pouco diferente da sua. Alguns falam assim: "mas se não temos professores disponíveis para cobrir tais e tais turmas, porque não deixamos as optativas para oferecer quando tivermos mais folga?" Isso reflete, ainda, a situação da grade antiga de Letras. Uma optativa só era oferecida se a gente pudesse. Mas agora não é assim, temos a obrigação de oferecer as optativas previstas. Uma delas de cada vez, não todas.
Claro que numa situação melhorzinha do que a atual, teremos pelo menos duas optativas ao mesmo tempo, de maneira que os alunos possam preferir uma ou outra. Vamos fazer força para o curso de Letras ficar mais regular, e muitos alunos chegarem ao final ao mesmo tempo. Assim, dará para ter mais do que uma disciplina optativa por vez, para vocês escolherem. Do jeito que estava até o semestre passado (neste, não sei) não dava para ofertar duas, porque não haveria alunos suficientes para fazer duas turmas. Lembre que as turmas precisam ter pelo menos 10 matriculados.
Ih, escrevi demais....
Mas ainda vou falar mais um tiquinho:
Pergunto: os alunos que cursam estágio (qualquer um) não comentam as falhas e acertos com seus professores? Mexam-se!
Então, voilá:
- Gostei da metodologia adotada pela Professora Mônica Trindade, em Estágio Supervisionado II, em 2010.2 (manhã). É de ser imitada.
- Tenho medo de uma coisa: a deficiência quanto aos conhecimentos sobre a gramática normativa, por parte dos licenciandos em Letras. Como ir para a sala de aula para ensinar sobre o assunto? A iniciativa [também da Mônica Trindade] de oferecer curso de extensão sobre a matéria é de ser copiada, igualmente.
E por aí vai [2]...
É... esse limite de 10 alunos é anacrônico. Quando eu fiz Direito, nos anos 90, creio que não havia tanta evasão. [Estudei na UFSC].
Hoje o número dos que ingressam é muito maior que nos anos 90, mas tenho a impressão de que a evasão é enorme.
Neste contexto, de enorme evasão, a universidade limita o número de alunos para que uma disciplina seja oferecida, eu não consigo entender isso.
Meu sonho de graduação [e foi assim quando fiz Direito na UFSC]: os estudantes escolhem as optativas, normalmente na área que pretendem seguir - no nosso caso, cadeiras de Linguística, de Letras ou pedagógicas.
Eu, por exemplo, cursei Latim II e III, Grego I e II, mas somente aproveitei Grego I como optativa. As outras constam como "extra-curriculares". Eu queria muito que elas aparecessem como optativas, pôxa! Eu realmente não entendo isso! Vou ser obrigada a cursar alguma coisa como "Análise do Discurso", "Linguística Textual", sem falar nas 2 ligadas à pedagogia. Qual a funcionalidade disso, se eu já sei que vou fazer pós-graduação em Clássicas?
Acho que estou desabafando. rsrs
E por aí vai [3] ...
Eita, você é manezinha!!!! :)
Hahaha!
Livia, esse "manuzear" foi de propósito?
Que ficou engraçado, ficou! :)
Estágio Supervisionado I, II e III deveriam promover discussões sobre temas atuais e polêmicos a respeito do ensino de língua materna e de literatura.
Como aplicar os conhecimentos das novas teorias à prática em sala de aula? Que metodologias aplicar? Como elaborar o plano de aula?
Eu já elaborei alguns, no curso de Letras, mas nunca tive aula sobre isso. Não tive dificuldade, claro, pois já sabia fazer isso antes de ingressar em Letras, mas penso nos meus coleguinhas que ingressam aos 17, 18 aninhos, ainda "verdinhos"...
Plano de curso, plano de aula, elaborar exercícios, provas, seleção de textos literários para aplicar no Ensino Fundamental e Médio. Como defender a metodologia de ensino para os pais de alunos que "exigem" o método tradicional? Como encarar uma turma do Ensino Médio que chega praticamente sem saber ler?
Há muito que se ver em Estágio Supervisionado.
O que eu gostaria que fosse superado, a partir da reformulação das cadeiras de Estágio: os famigerados fichamentos e/ou estudos dirigidos sobre os PCN e as análises de livros didáticos.
Ai, acho que tenho muito que falar sobre a tua postagem, Lívia. rs
Valeu!
Gostei Jailton, mas quando você diz que muitas as disciplinas de Estágio se repetem quanto às teorias que esplanam um novo olhar sobre o ensino de Língua, realmente é verdade, entretanto, vejo como se uma coisa complementasse a outra.
E quando você diz que a maioria dos alunos de Letras não dão importância ao ensino de Língua, acredito que esses alunos devem rever se realmente estão no curso certo, pois como é que um aluno que cursa Licenciatura em Letras, não se importa com o ensino de Língua?
:-) Fiquei com medo do blog!
Olá,pessoal!!!
Adorei este espaço!!!!
A minha experiência com Estágio, sobretudo, o Estágio Supervisionado IV, tem proporcionado tentar, pelo menos, refomular oque penso da disciplina e como deve ser dada... Vejo que nosso trabalho não é só com o graduando, pois nos envolvemos com as escolas e suas realidades...
Por outro lado, vejo que há lacunas que precisam ser preenchidas em relação ao estudante de Letras.
Nesse sentido, é louvável a iniciativa da ProfªMônica Trindade, que ofereceu no semestre passado um curso de extensão em Morfossintaxe,o que muito auxiliou o nosso trabalho.
Pois é Késia!!! A reformulação realamente está sendogestada com muitas dificuldades!!!
seria ótimo termos alunos participando. Abrimos esta possibilidade. O nosso próximo encontro será dia 22 de junho,pela manhã, no ambiente 3.
Muito bom Lívia!!! A ideia do Estágio Supervisionado é justamente essa: fazer com que o alunos do Curso de Letras tenham a oportunidade de conhecer a sala de aula e aplicar o que aprendemos.
Entretanto, há várias questões que devemos considerar:
1. A maioria dos alunos de Letras não dominam a gramática tradicional, e, portanto, ficam perdidos na hora de aplicar uma metodologia inovadora;
2. A maioria dos alunos não dão importância para o ensino, e muitas vezes os instrumentos pedagógicos que as escolas públicas dispõem são precários ou não existem;
3. Algumas disciplinas de estágio se repetem muito, principalmente no tocante às teorias que visam esplanar um novo olhar sobre o ensino de língua.
Poderia elencar outros problemas sobre as disciplinas de estágio, mas o momento ainda não é este.
Se quisermos ver os graduandos de Letras apreciando essas diciplinas futuramente, então devemos exigir que elas passem por uma reformulação, pois da forma que está continuará a criar apatia e desenganos.
Que maravilha, professora Josete!
Viu só, gente? Vamos à reunião e vamos opinar com seriedade.
Obrigada.
Lívia, eu não disse que eram os alunos de letras que não gostavam do ensino de língua.
Acho que não deixei bem claro o segundo ponto. Ok! Vamos lá!
Quando eu quis dizer que os alunos não se importavam com o ensino, eu me me referia aos alunos do ensino fundamental II. Porque quando nós chegamos para fazer o estágio na escola, então encontramos vários alunos que não gostam de assistir aula de português.
Então, tudo aquilo que aprendemos na Academia, sobre a aplicação do conteúdo, de uma forma dinâmica e participativa fica apenas no desejo. É, por isso, que muitos alunos do curso de letras e outras licenciaturas ficam desmotivados e sem dar crédito às disciplinas de estágio supervisionado.
Espero que eu tenha esclarecido melhor! rsrsrs
Ainda não paguei nenhuma cadeira de Estágio Superviosonado, mas este tópico está sendo muito esclarecedor para mim.
abraços
Concordo com vc lívia. Os estágios são as nossas primeiras oportunidades de ter um contato mais direto com a realidade tão discutida dentro do meio acadêmico, mas que nem sempre é dialogada no intuito de uma rediscussão conjunta com a comunidade que nos cerca. Hoje em dia só acho um pouco "confuso" (nao sei se a palavra seria essa) os primeiros estágios curriculares que temos dentro da universidade, não que deveriamos ir para a escola desde o primeiro estágio dar aulas, mas poderia haver uma proposta de trabalharmos com oficinas e/ou observações externas nesse primeiro momento.
Concordo, Ximenes! Gostei da tua sujestão.
Vamos à reunião, no dia 22/06, de manhã?
A professora Josete convidou, vamo que vamo!
Devemos opinar.
fiz o primeiro comentário sem ler o seu Késia, e agora repito o que Siméia falou: "vc agora tocou em um ponto fundamental".
Acho que cabe a nós também fazer valer nossa fala dentro da instituição, no intuito de ocupar o lugar que também deve ser decisivo e influente de estudante.
"Optativa?" quais?
optar dentro de um número restrito e pequeno de opções não é tão optativo assim neh.
Não dá para se formular leis e/ou mudanças pensando, talvez, no ensino de forma indissociável do aluno, pois para se pensar numa melhoria de ensino tem que se ouvir as necessidades do aluno participante deste ensino.
Ah, Leonor, não sou manezinha, apenas vivi entre os manezinhos por 7 anos. rs
Na verdade, sou candanga (natural de Brasília, mas não pioneira rs). Mas quando disse isso a um amigo do Mato Grosso do Sul ele riu de mim. Para o dialeto dele, candanga é algo como baranga. kkk
Hmm, Ximenes, acho que o problema é mesmo a nomenclatura enganosa.
Alguns professores pensam que as disciplinas optativas são optativas no sentido de podermos optar se vamos oferecer ou não.
Alguns alunos pensam que as disciplinas optativas são optativas no sentido de eles poderem optar qual querem fazer.
Na nossa (de alunos e de professores) situação atual, não é nem uma coisa nem outra. Uma disciplina optativa é escolhida dentro de um pequeno leque de opções (previsto no PPP), considerando as possibilidades departamentais. E os professores têm obrigação de ofertar e os alunos têm obrigação de cursar.
Não é optativa no sentidos dos desejos de cada um, certo?
Claro que eu concordo que nós deveríamos ter -- e em breve talvez tenhamos -- diversas optativas ofertadas ao mesmo tempo para que os professores e os alunos possam exercer melhor suas preferências de ensino e pesquisa.
Mas não faz o mínimo sentido, agora, oferecer um grande leque de optativas, ter dois ou três alunos apenas em cada grupo, e deixar turmas e turmas sem professor, sem sala, etc.
Por outro lado, algo que os alunos de um período podem fazer é se organizarem com antecedência e solicitarem ao departamento que no semestre X (o deles) seja oferecida a optativa x. Isso seria maravilha.
Ah, essa é uma excelente ideia, Leonor. Façamos isso. Podemos reunir um grupo de mais de 10,20 alunos e solicitar um determinado tema.
Aliás, eu fui monitora de uma optativa, em 2010.2, né? Grego I era optativa e tinha uns 20 alunos. Era bom porque as aulas eram aos sábados, encaixavam nos horários de muita gente.
Ah, seria legal também acabar com a regra segundo a qual temos que cursar uma optativa de linguística, uma de literatura e duas de pedagogia. Acho que isso daria para fazer, sei lá. Não sei se isso é possível.
Obrigada, Leonor, por todos os esclarecimentos. Tomara que o pessoal esteja acompanhando. Não recebemos essas informações por outros meios, não.
Viva o blog da monitoria!!!
Ah, valeu, Késia!
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